quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Barroco


O Barroco
 É um estilo que dominou a arquitetura, a pintura, a literatura e a música na Europa do século XVII.
Por isso, toda a cultura desse período, incluindo costumes, valores e relações sociais, é chamada de "barroca".
Essa época surgiu no final do Renascimento e manifestava-se através de grande ostentação e extravagância entre os grupos beneficiados pelas riquezas da colonização
Barroco no Brasil
Barroco no Brasil tem início no final do século XVII. No país, essa tendência artística teve grande destaque na arquitetura, escultura, pintura e literatura.
Na literatura, o marco inicial do barroco é a publicação da obra “Prosopopeia” (1601) de Bento Teixeira. Na escultura e arquitetura, Aleijadinho foi sem dúvida um dos maiores artistas barrocos brasileiros.
Contexto Histórico:
Influenciado pelo barroco português, no Brasil este estilo se desenvolveu durante o período colonial no chamado “Século de Ouro”.
Foi durante o ciclo do ouro que a exploração desse minério foi a principal atividade econômica desenvolvida no país. Minas Gerais foi o grande foco onde muitas jazidas foram encontradas.
Nessa época, a primeira capital do Brasil, Salvador, foi transferida para o Rio de Janeiro.
Diante disso, o número de habitantes no Brasil aumentou consideravelmente o que propiciou uma época de forte desenvolvimento econômico no país. No barroco mineiro, merece destaque o escultor e arquiteto brasileiro: Aleijadinho.
Características do Barroco
As principais características do barroco brasileiro são:
  • Linguagem dramática;
  • Racionalismo;
  • Exagero e rebuscamento;
  • Uso de figuras de linguagem;
  • União do religioso e do profano;
  • Arte dualista;
  • Jogo de contrastes;
  • Valorização dos detalhes;
  • Cultismo (jogo de palavras);
  • Conceptismo (jogo de ideias).
Principais Autores e Obras
Os principais autores e obras escritas no Brasil são:
  • Bento Teixeira (1561-1618): autor de “Prosopopeia” (1601), poema épico com 94 estrofes que exalta a obra de Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da capitania de Pernambuco.
  • Gregório de Matos (1633-1696): um dos maiores representantes da literatura barroco no Brasil, que se destacou com sua poesia lírica, religiosa, erótica e satírica. É conhecido como “Boca do Inferno”, uma vez que sua poesia ironizava diversos aspectos da sociedade.
  • Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711): foi o primeiro brasileiro a publicar versos no estilo barroco. De sua obra destaca-se: “Música do Parnaso” (1705).
  • Frei Vicente de Salvador (1564-1636): historiógrafo e o primeiro prosador do país. De sua obra destacam-se: “História do Brasil” e “História da Custódia do Brasil”.
  • Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768): autor de “Eustáquios” e “Descrição da Ilha de Itaparica”.

A Linguagem do Barroco é provocadora e rebelde. Ela retrata a inquietação, a inconformidade do homem e o seu conflito do corpo e da alma, da razão e da fé (dualismo e contradição)
.Isso tudo em virtude do contexto histórico em que se insere, especialmente ao Renascimento e à Contrarreforma.
As figuras de linguagem são particularmente exploradas na escola literária do Barroco, que predominou no século XVII.
O Mote do Barroco
O mote do Barroco é precisamente a antítese "vida e morte" e, por extensão, a brevidade da sua existência.
Assim, nesse período o homem questiona a fé em detrimento dos prazeres da vida, bem como se interpela com relação à instabilidade e à inconstância.
A premissa do carpe diem - expressão latina cujo sentido literal é “aproveitar o dia” - é muito utilizada nesse período. Ela significa que cada momento da vida deve ser desfrutado.
Tendências do Barroco
As duas tendências que predominaram nesse movimento literário foram:
Cultismo - É o chamado "jogo de palavras". Nele está presente o formalismo e o vocabulário rebuscado, bem como o emprego frequente das figuras de linguagem.
Conceptismo - É o chamado "jogo de ideias". Nele está presente o raciocínio e o pensamento lógico.
Figuras de Linguagem
Dentre os recursos mais utilizados pelos autores do Barroco, se destacam as seguintes figuras de linguagem:
Foi o recurso mais utilizado no Barroco por meio da utilização de conceitos opostos.
Exemplo:
de vossa alta clemência me despido;
Se basta a vos irar tanto um pecado

(Gregório de Matos)
Antítese presente: clemência x irar
Utilização de expressões contraditórias ou absurdas.
Exemplo:
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado
(Gregório de Matos)
Utilização de expressões exageradas.
Exemplo:
Romperam-se enfim as cataratas do céu
(Padre Antônio Vieira)
Hipérbole presente: cataratas do céu.
Utilização de palavras ou expressões análogas.
Exemplo:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada
(Gregório de Matos)
Metáfora presente: ovelha desgarrada = pecador
Ruptura na ordem lógica da frase.
Exemplo:
As Délficas irmãs chamar não quero
(Bento Teixeira)
Barroco em Portugal
Barroco em Portugal teve início em 1580, ano da morte de Luís de Camões, um dos maiores escritores clássicos de língua portuguesa.
Esse período vigorou em Portugal até 1756, com a fundação da Arcádia Lusitânia e o surgimento de um novo estilo.
O Barroco Literário em Portugal teve como maior representante o padre Antônio Vieira e suas obras “Sermões”, escritas em estilo conceptista.
Lembre-se que o Barroco (ou Seiscentismo) é uma escola literária posterior ao Classicismo e anterior ao Arcadismo (Setecentismo).
Esse estilo floresceu nas artes (arquitetura, pintura, literatura e a música) europeias a partir do século XVII.
Além da literatura, pintura e escultura, a arquitetura teve grande destaque em Portugal. Merece atenção a arquitetura jesuítica, conhecida como arquitetura chã (estilo chão).
De influência clássica, o 'estilo chão' buscou demostrar a simplicidade, a funcionalidade e a proporcionalidade das formas.

Contexto Histórico:
O Barroco em Portugal inicia-se durante o período de colonização do Brasil e de diversos conflitos com os holandeses. Eles tentavam conquistar parte do território que estava dob domínio português.
Além disso, o surgimento da União Ibérica, diversos conflitos com a Espanha e a Guerra de Restauração, enfraqueciam ainda mais o país. Esses fatores foram essenciais para o surgimento de uma grande crise econômica, política e social no país.
Assim, Portugal estava sob o domínio espanhol e lutava pela independência, que somente conquista em 1640.
No geral, a Europa enfrentava momentos de crise entre o humanismo renascentista e o medievalismo religioso.
Podemos dizer que o barroco foi um momento de transição, onde diversas descobertas científicas incitaram muitas dúvidas, sobretudo no campo religioso.
Com a Reforma Protestante de Martinho Lutero, a Igreja Católica começa a se enfraquecer em certas regiões da Europa e a perder muitos fiéis.
Diante disso, surge um período de perseguição religiosa, ao mesmo tempo que o humanismo renascentista inaugura uma nova era: a idade Moderna.
Vale destacar que o Renascimento, que teve início na Itália, influenciou e abrangeu aspectos importantes da cultura e das artes.

Características do Barroco
As principais características do barroco português são:
Exagero e minúcia nos detalhes;
Temática religiosa e profana;
Dualidade e complexidade;
Uso de figuras de linguagem;
Contrastes e conflitos;
Teocentrismo versus antropocentrismo;
Cultismo e conceptismo.

Cultismo e Conceptismo
Dois conceitos muito importantes na escola literária do barroco são o cultismo (ou Gongorismo) e o conceptismo (ou Quevedismo).
Enquanto o cultismo é determinado pelo jogo de palavras, o conceptismo refere-se ao jogo de ideias e conceitos.
O primeiro, influenciado pelo poeta espanhol Gôngora, é marcado pela linguagem rebuscada, ornamental e culta, valorizando a forma textual.
Já o segundo, baseado na poesia do espanhol Quevedo, caracteriza o racionalismo e o pensamento lógico. Esse estilo tem como principal objetivo convencer o leitor.
Autores e Obras
Os principais autores do barroco português foram:
  • Padre Antônio Vieira (1608-1697): Sermão de Santo António aos Peixes (1654), Sermão da Sexagésima (1655), Sermão do Bom Ladrão (1655).
  • Padre Manuel Bernardes (1644-1710): Pão Partido em Pequeninos (1694), Luz e Calor (1696), Nova Floresta (1706).
  • Francisco Manuel de Melo (1608-1666): Carta de Guia de Casados (1651), Obras Métricas (1665), Apólogos Dialogais (1721).
  • Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622): O Pastor Peregrino (1608), Condestabre (1609), A Corte na Aldeia (1619).
  • Soror Mariana Alcoforado (1640-1723): Cartas Portuguesas (1669)
  • Antônio José da Silva (1705-1739): Vida do grande D. Quixote de la Mancha e do gordo Sancho Pança (1733), Labirinto de Creta (1736), Guerras do Alecrim e da Manjerona (1737)