terça-feira, 12 de novembro de 2019

RESUMO DA OBRA DOM CASMURRO


                RESUMO DA OBRA DOM  CASMURRO

Dom Casmurro é o nome de um romance escrito por Machado de Assis em 1899 e publicado no ano seguinte. Após Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, esta obra completa a chamada "trilogia realista" de Machado de Assis.
Dom Casmurro está dividido em 148 capítulos, na sua maioria curtos. O enredo não é dinâmico e a narrativa é interrompida a todo momento por pensamentos ou lembranças fragmentadas. A narração é feita em primeira pessoa por Bento Santiago, que relata a história de sua vida. Trata-se de uma pseudo-biografia de um homem envelhecido que parece preencher sua solidão com a recordação de um passado que marca seu sofrimento pessoal. É uma visão amarga e doída de quem foi machucado e traído pela vida, e por isso, vai-se isolando e ensimesmando. O título da obra reflete tal ideia: Casmurro é um termo referente ao homem calado e metido consigo. O “Dom” é uma ironia, pois atribui importância, destaque a este homem isolado.A história se passa por volta de 1857, na cidade do Rio de Janeiro. O narrador realiza uma trajetória pelos bairros e ruas do Rio, desde o Engenho Novo, onde escreve sua obra, até a Rua de Matacavalos, onde passou sua infância e conheceu Capitu (Capitolina). Bentinho e Capitu casam-se em 1865 e separam-se 1872.

Resumo
       O romance inicia-se numa situação posterior a todos os seus acontecimentos. Bento Santiago, já um homem de idade, conta ao leitor como recebeu a alcunha de Dom Casmurro. A expressão fora inventada por um jovem poeta, que tentara ler para ele no trem alguns de seus versos. Como Bento cochilara durante a leitura, o rapaz ficou chateado e começou a chamá-lo daquela forma.
      O narrador inicia então o projeto de rememorar sua existência, o que ele chama de “atar as duas pontas da vida”. O leitor é apresentado à infância de Bentinho, quando ele vivia com a família num casarão da rua de Matacavalos.
O primeiro fato relevante narrado é também seu primeiro motivo de preocupação. Bentinho escuta uma conversa entre José Dias e dona Glória: ela pretende mandá-lo ao seminário no cumprimento de uma promessa feita pouco antes de seu nascimento. A mãe, que já havia perdido um filho, prometera que, se o segundo filho nascesse “varão”, ela faria dele padre. Na conversa, dona Glória soubera da amizade estreita entre o menino e a filha de Pádua, Capitolina.
          Bentinho fica furioso com José Dias, que o denunciara, e expõe a situação a Capitu. A menina ouve tudo com atenção e começa a arquitetar uma maneira de Bentinho escapar do seminário, mas todos os seus planos fracassam. O garoto segue para o seminário, mas, antes de partir, sela, com um beijo em Capitu, a promessa de que se casaria com ela.
No seminário, Bentinho conhece Ezequiel de Souza Escobar, que se torna seu melhor amigo. Em uma visita a sua família, Bentinho leva Escobar e Capitu o conhece.
        Enquanto Bentinho estuda para se tornar padre, Capitu estreita relações com dona Glória, que passa a ver com bons olhos a relação do filho com a garota. Dona Glória ainda não sabe, contudo, como resolver o problema da promessa e pensa em consultar o papa. Escobar é quem encontra a solução: a mãe, em desespero, prometera a Deus um sacerdote que não precisava, necessariamente, ser Bentinho. Por isso, no lugar dele, um escravo é enviado ao seminário e ordena-se padre.
Bentinho vai estudar direito no Largo de São Francisco, em São Paulo. Quando conclui os estudos, torna-se o doutor Bento de Albuquerque Santiago. Ocorre então o casamento tão esperado entre Bento e Capitu. Escobar, por seu lado, casara-se com Sancha, uma antiga amiga de colégio de Capitu. Capitu e Bentinho formam um “duo afinadíssimo”.Essa felicidade, entretanto, começa a ser ameaçada com a demora do casal em ter um filho. Escobar e Sancha não encontram a mesma dificuldade: têm uma bela menina, a quem colocam o nome de Capitolina.
      Depois de alguns anos, Capitu finalmente tem um filho, e o casal pode retribuir a homenagem que Escobar e Sancha lhe haviam prestado: o filho é batizado com o nome de Ezequiel.Os casais passam a conviver intensamente. Bento vê uma semelhança terrível entre o pequeno Ezequiel e seu amigo Escobar, que, numa de suas aventuras na praia – o personagem era excelente nadador -, morre afogado. 
      Bento enxerga no filho a figura do amigo falecido e fica convencido de que fora traído pela mulher. Resolve suicidar-se bebendo uma xícara de café envenenado. Quando Ezequiel entra em seu escritório, decide matar a criança, mas desiste no último momento. Diz ao garoto, então, que não é seu pai. Capitu escuta tudo e lamenta-se pelo ciúme de Bentinho, que, segundo ela, fora despertado pela casualidade da semelhança. 
       Após inúmeras discussões, o casal decide separar-se. Arruma-se uma viagem para a Europa com o intuito de encobrir a nova situação, que levantaria muita polêmica. O protagonista retorna sozinho ao Brasil e se torna, pouco a pouco, o amargo Dom Casmurro. Capitu morre no exterior e Ezequiel tenta reatar relações com ele, mas a semelhança extrema com Escobar faz com que Bento Santiago o rejeite novamente. O destino de Ezequiel é infeliz: ele morre de febre tifóide durante uma pesquisa arqueológica em Jerusalém.
       Triste e nostálgico, o narrador constrói uma casa que imita sua casa de infância, na rua de Matacavalos. O próprio livro é também uma tentativa de recuperar o sentido de sua vida. No fim, o narrador parece menosprezar um pouco a própria criação. Convence-se de que o melhor a fazer agora é escrever outra obra sobre “a história dos subúrbios”.



quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Barroco


O Barroco
 É um estilo que dominou a arquitetura, a pintura, a literatura e a música na Europa do século XVII.
Por isso, toda a cultura desse período, incluindo costumes, valores e relações sociais, é chamada de "barroca".
Essa época surgiu no final do Renascimento e manifestava-se através de grande ostentação e extravagância entre os grupos beneficiados pelas riquezas da colonização
Barroco no Brasil
Barroco no Brasil tem início no final do século XVII. No país, essa tendência artística teve grande destaque na arquitetura, escultura, pintura e literatura.
Na literatura, o marco inicial do barroco é a publicação da obra “Prosopopeia” (1601) de Bento Teixeira. Na escultura e arquitetura, Aleijadinho foi sem dúvida um dos maiores artistas barrocos brasileiros.
Contexto Histórico:
Influenciado pelo barroco português, no Brasil este estilo se desenvolveu durante o período colonial no chamado “Século de Ouro”.
Foi durante o ciclo do ouro que a exploração desse minério foi a principal atividade econômica desenvolvida no país. Minas Gerais foi o grande foco onde muitas jazidas foram encontradas.
Nessa época, a primeira capital do Brasil, Salvador, foi transferida para o Rio de Janeiro.
Diante disso, o número de habitantes no Brasil aumentou consideravelmente o que propiciou uma época de forte desenvolvimento econômico no país. No barroco mineiro, merece destaque o escultor e arquiteto brasileiro: Aleijadinho.
Características do Barroco
As principais características do barroco brasileiro são:
  • Linguagem dramática;
  • Racionalismo;
  • Exagero e rebuscamento;
  • Uso de figuras de linguagem;
  • União do religioso e do profano;
  • Arte dualista;
  • Jogo de contrastes;
  • Valorização dos detalhes;
  • Cultismo (jogo de palavras);
  • Conceptismo (jogo de ideias).
Principais Autores e Obras
Os principais autores e obras escritas no Brasil são:
  • Bento Teixeira (1561-1618): autor de “Prosopopeia” (1601), poema épico com 94 estrofes que exalta a obra de Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da capitania de Pernambuco.
  • Gregório de Matos (1633-1696): um dos maiores representantes da literatura barroco no Brasil, que se destacou com sua poesia lírica, religiosa, erótica e satírica. É conhecido como “Boca do Inferno”, uma vez que sua poesia ironizava diversos aspectos da sociedade.
  • Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711): foi o primeiro brasileiro a publicar versos no estilo barroco. De sua obra destaca-se: “Música do Parnaso” (1705).
  • Frei Vicente de Salvador (1564-1636): historiógrafo e o primeiro prosador do país. De sua obra destacam-se: “História do Brasil” e “História da Custódia do Brasil”.
  • Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768): autor de “Eustáquios” e “Descrição da Ilha de Itaparica”.

A Linguagem do Barroco é provocadora e rebelde. Ela retrata a inquietação, a inconformidade do homem e o seu conflito do corpo e da alma, da razão e da fé (dualismo e contradição)
.Isso tudo em virtude do contexto histórico em que se insere, especialmente ao Renascimento e à Contrarreforma.
As figuras de linguagem são particularmente exploradas na escola literária do Barroco, que predominou no século XVII.
O Mote do Barroco
O mote do Barroco é precisamente a antítese "vida e morte" e, por extensão, a brevidade da sua existência.
Assim, nesse período o homem questiona a fé em detrimento dos prazeres da vida, bem como se interpela com relação à instabilidade e à inconstância.
A premissa do carpe diem - expressão latina cujo sentido literal é “aproveitar o dia” - é muito utilizada nesse período. Ela significa que cada momento da vida deve ser desfrutado.
Tendências do Barroco
As duas tendências que predominaram nesse movimento literário foram:
Cultismo - É o chamado "jogo de palavras". Nele está presente o formalismo e o vocabulário rebuscado, bem como o emprego frequente das figuras de linguagem.
Conceptismo - É o chamado "jogo de ideias". Nele está presente o raciocínio e o pensamento lógico.
Figuras de Linguagem
Dentre os recursos mais utilizados pelos autores do Barroco, se destacam as seguintes figuras de linguagem:
Foi o recurso mais utilizado no Barroco por meio da utilização de conceitos opostos.
Exemplo:
de vossa alta clemência me despido;
Se basta a vos irar tanto um pecado

(Gregório de Matos)
Antítese presente: clemência x irar
Utilização de expressões contraditórias ou absurdas.
Exemplo:
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado
(Gregório de Matos)
Utilização de expressões exageradas.
Exemplo:
Romperam-se enfim as cataratas do céu
(Padre Antônio Vieira)
Hipérbole presente: cataratas do céu.
Utilização de palavras ou expressões análogas.
Exemplo:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada
(Gregório de Matos)
Metáfora presente: ovelha desgarrada = pecador
Ruptura na ordem lógica da frase.
Exemplo:
As Délficas irmãs chamar não quero
(Bento Teixeira)
Barroco em Portugal
Barroco em Portugal teve início em 1580, ano da morte de Luís de Camões, um dos maiores escritores clássicos de língua portuguesa.
Esse período vigorou em Portugal até 1756, com a fundação da Arcádia Lusitânia e o surgimento de um novo estilo.
O Barroco Literário em Portugal teve como maior representante o padre Antônio Vieira e suas obras “Sermões”, escritas em estilo conceptista.
Lembre-se que o Barroco (ou Seiscentismo) é uma escola literária posterior ao Classicismo e anterior ao Arcadismo (Setecentismo).
Esse estilo floresceu nas artes (arquitetura, pintura, literatura e a música) europeias a partir do século XVII.
Além da literatura, pintura e escultura, a arquitetura teve grande destaque em Portugal. Merece atenção a arquitetura jesuítica, conhecida como arquitetura chã (estilo chão).
De influência clássica, o 'estilo chão' buscou demostrar a simplicidade, a funcionalidade e a proporcionalidade das formas.

Contexto Histórico:
O Barroco em Portugal inicia-se durante o período de colonização do Brasil e de diversos conflitos com os holandeses. Eles tentavam conquistar parte do território que estava dob domínio português.
Além disso, o surgimento da União Ibérica, diversos conflitos com a Espanha e a Guerra de Restauração, enfraqueciam ainda mais o país. Esses fatores foram essenciais para o surgimento de uma grande crise econômica, política e social no país.
Assim, Portugal estava sob o domínio espanhol e lutava pela independência, que somente conquista em 1640.
No geral, a Europa enfrentava momentos de crise entre o humanismo renascentista e o medievalismo religioso.
Podemos dizer que o barroco foi um momento de transição, onde diversas descobertas científicas incitaram muitas dúvidas, sobretudo no campo religioso.
Com a Reforma Protestante de Martinho Lutero, a Igreja Católica começa a se enfraquecer em certas regiões da Europa e a perder muitos fiéis.
Diante disso, surge um período de perseguição religiosa, ao mesmo tempo que o humanismo renascentista inaugura uma nova era: a idade Moderna.
Vale destacar que o Renascimento, que teve início na Itália, influenciou e abrangeu aspectos importantes da cultura e das artes.

Características do Barroco
As principais características do barroco português são:
Exagero e minúcia nos detalhes;
Temática religiosa e profana;
Dualidade e complexidade;
Uso de figuras de linguagem;
Contrastes e conflitos;
Teocentrismo versus antropocentrismo;
Cultismo e conceptismo.

Cultismo e Conceptismo
Dois conceitos muito importantes na escola literária do barroco são o cultismo (ou Gongorismo) e o conceptismo (ou Quevedismo).
Enquanto o cultismo é determinado pelo jogo de palavras, o conceptismo refere-se ao jogo de ideias e conceitos.
O primeiro, influenciado pelo poeta espanhol Gôngora, é marcado pela linguagem rebuscada, ornamental e culta, valorizando a forma textual.
Já o segundo, baseado na poesia do espanhol Quevedo, caracteriza o racionalismo e o pensamento lógico. Esse estilo tem como principal objetivo convencer o leitor.
Autores e Obras
Os principais autores do barroco português foram:
  • Padre Antônio Vieira (1608-1697): Sermão de Santo António aos Peixes (1654), Sermão da Sexagésima (1655), Sermão do Bom Ladrão (1655).
  • Padre Manuel Bernardes (1644-1710): Pão Partido em Pequeninos (1694), Luz e Calor (1696), Nova Floresta (1706).
  • Francisco Manuel de Melo (1608-1666): Carta de Guia de Casados (1651), Obras Métricas (1665), Apólogos Dialogais (1721).
  • Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622): O Pastor Peregrino (1608), Condestabre (1609), A Corte na Aldeia (1619).
  • Soror Mariana Alcoforado (1640-1723): Cartas Portuguesas (1669)
  • Antônio José da Silva (1705-1739): Vida do grande D. Quixote de la Mancha e do gordo Sancho Pança (1733), Labirinto de Creta (1736), Guerras do Alecrim e da Manjerona (1737)


terça-feira, 21 de maio de 2019

Figuras de Linguagem



                                     

Figuras de linguagem são recursos de expressão, utilizados por um escritor, com o objetivo de ampliar o significado de um texto literário ou também para suprir a falta de termos adequados em uma frase. É um recurso que dá uma grande expressividade ao texto literário.
As mais comuns são: metáfora, comparação, metonímia, antítese, paradoxo, personificação (ou prosopopeia), hipérbole, eufemismo, ironia, elipse, zeugma, pleonasmo, polissíndeto, assíndeto, onomatopeia, anáfora, sinestesia, gradação e aliteração.

Metáfora
A metáfora é um tipo de comparação, mas sem os termos comparativos (tal como, como, são como, tanto quanto, etc). Na metáfora, a comparação entre dois elementos está implícita, trazendo uma relação de semelhança entre eles.
Exemplo: Tempo é dinheiro.

Comparação
A comparação consiste na aproximação entre dois objetos por meio de uma característica semelhante entre eles, dando a um as características do outro. Difere da metáfora porque possui, obrigatoriamente, termos comparativos. Em suma, é uma comparação explícita.
Exemplo:Tempo é como dinheiro.
Neste exemplo vemos o principal definidor de uma comparação: a palavra como traz explicitamente a ideia de que o tempo é valoroso como o dinheiro.

Metonímia
É a substituição de uma palavra por outra sendo que, entre ambas, há uma proximidade de sentidos, uma relação de implicação.
 Exemplos:  Não leu Machado de Assis.
                     Não leu a obra de Machado de Assis.
Vemos no exemplo que a obra de Machado de Assis foi substituída só pelo nome do autor. A metonímia consiste nessa substituição de palavras, dando o mesmo sentido a uma frase. A seguir, outro exemplo que reforça essa substituição:

Antítese
A antítese consiste no uso de palavras, expressões ou ideias que se opõem. Exemplo:

                                                      Soneto da Separação

                                               De repente do riso fez-se o pranto
                                               Silencioso e branco como a bruma
                                               E das bocas unidas fez-se a espuma
                                               E das mãos espalmadas fez-se o espanto

                                                                                                                                  Vinícius de Moraes

Neste soneto vemos claramente a antítese por trás da temática da separação amorosa: o que antes era riso trouxe lágrimas com a separação; as bocas unidas pelo beijo no amor se separam como a espuma que se espalha e se dissolve. A oposição de sentimentos e atos forma claramente a antítese.


Personificação (ou prosopopeia)
A personificação, também chamada prosopopeia, consiste na atribuição de características humanas, como sentimentos, linguagem humana e ações do homem, a coisas não-humanas. Exemplo:

                                       Congresso Internacional do Medo
                                    Provisoriamente não cantaremos o amor,
                                   que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
                                   Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
                                    não cantaremos o ódio, porque esse não existe,
                                    existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro.
                                                                                                                                          Carlos Drummond de Andrade
Neste exemplo, o medo, uma sensação, é transformado em pai e companheiro, algo que só é atribuído a um ser humano.

Hipérbole
Esta figura de linguagem consiste no emprego de palavras que expressam uma ideia de exagero de forma intencional.
Exemplo:  Ela chorou rios de lágrimas.

Chorar rios remete a um choro contínuo, exagerado e o termo rios vem para enfatizar a ideia de que foi um choro intenso.

Eufemismo
O eufemismo ocorre quando utilizamos palavras ou expressões que atenuam e substituem outras que produzem um efeito desagradável e chocante. Exemplos:

Faltei com a verdade ao dizer que fui à igreja.
Menti ao dizer que fui à igreja.
A expressão e o impacto negativo que a palavra menti traz é ""suavizado" ao dizer que "faltei com a verdade".

Ironia
É a expressão de ideias com significado oposto ao que se realmente pensa ou acredita. Exemplo:

                      Moça linda, bem tratada,
                      Três séculos de família,
                      Burra como uma porta:
                      Um amor!
                                                            Mário de Andrade
O trecho é o exemplo claro de ironia: a moça é descrita como, bonita e bem tratada, tradicional, conservadora (é de família) e burra. O destaque em "um amor", apoiando-se na descrição da moça, mostra que ela, ao contrário de ser esse "amor de pessoa", é, na verdade, alguém sem atrativos, sem graça.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

CLASSICISMO

                                                            

                                                                CLASSICISMO

   
            
                                              Homem Virtuviano
                Homem Vitruviano (1590) de Leonardo da Vinci é o símbolo do antropocentrismo humanista


É uma estética literária do século XVI, manifestação nas letras de um movimento cultural amplo denominado Renascimento – houve manifestações renascentistas em diversos âmbitos da sociedade: política, ciências, religião, artes plásticas, arquitetura, literatura. Por isso é comum alguns teóricos denominarem o Classicismo de Renascimento ou Seiscentismo.
Enquanto movimento cultural, o Renascimento teve grande importância na sociedade europeia.
No campo das ciências, foram as inovações desse período que possibilitaram as grandes navegações. Foi também nesse período que grandes gênios como Leonardo da Vinci inovaram no campo da arquitetura e das artes plásticas.
Para compreender o Classicismo precisamos compreender um movimento que ocorreu antes denominado Humanismo. Humanismo é uma corrente filosófica de valorização do homem e tudo que diz respeito ao homem. Essa corrente, que já começa a aparecer no final do século XV, defende o antropocentrismo (antropo = homem + centrismo) em oposição ao teocentrismo (teo = Deus). O poder da Igreja passa a ser questionado (Reforma luterana) e o ser humano recebe maior importância (o ser humano é criatura divina, criado como Deus idealizou). O humanismo será a base filosófica do Renascimento e, por conseguinte, do Classicismo.

Características do Classicismo

  • Humanismo – valorização do homem que é colocado no centro do pensamento filosófico (antropocentrismo);
  • Racionalismoa capacidade de raciocinar é bastante valorizada;
  • Racionalização – reflexão sobre mundo e sobre lugar do homem no mundo;
  • Valorização da cultura grega (paganismo)¹ – a cultura grega passa a ser valorizada principalmente por causa de visão que se tinha do homem;
  • Hedonismobusca por satisfação dos desejos humanos;
  • Carpe diemaproveite o dia – busca por aproveitar o dia porque a vida é efêmera (passageira);
  • Efemeridade do tempo – o tempo e a vida passam rápido e devem ser aproveitados;
  • Neoplatonismoamor sensual e ao mesmo tempo platônico;
  • Equilíbrio formal – utilização de poemas de formas fixas, rimas e métricas regulares.
  • Doce estilo novo – gosto pelo verso decassílabo (dez sílabas métricas) em substituição a redondilha maior (verso de sete sílabas métricas);
  • Personificação – elementos da natureza personificados como deuses gregos: o amor, o tempo, etc.
  • Figuras predominantes: paradoxo, antítese e personificação.
O autor mais importante desse período em Portugal foi sem dúvida Luís Vaz de Camões. Sua obra é dividida em épico, lírico e dramático.

                     O nascimento de Vênus

O Nascimento de Vênus (1484-1486), de Sandro Botticelli é umas das obras mais emblemáticas do Renascimento italiano

 

Esse momento esteve marcado por grandes transformações e descobertas históricas:

  • as Grandes Navegações;
  • a Reforma Protestante (que levou a uma crise religiosa) encabeçada por Martinho Lutero;
  • a invenção da Imprensa pelo alemão Gutenberg;
  • o fim do sistema feudal (início do capitalismo);
  • o cientificismo de Copérnico e Galileu.

 

Principais escritores do Classicismo em Portugal e suas obras principais:

Luiz Vaz de Camões

 Camões: o principal escritor do classicismo português     Camões: o principal escritor do classicismo português


- Os Lusíadas                                              - Rimas

- Filodemo (comédia)                              - El-Rei Seleuco (comédia)

Francisco Sá de Miranda

- Estrangeiros                                             - Miranda

- Poesias

Fernão Mendes Pinto

- Peregrinação                                           - As viagens e aventuras

Bernardim Ribeiro

- Menina e moça                                        - Cancioneiro Geral

Antônio Ferreira

- A Castro ou Tragédia muito sentida e elegante de Dona Inês de Castro

 Classicismo no Brasil

O Brasil não teve autores classicistas, porém teve um movimento que foi influenciado por ele de certa forma: O quinhentismo.

 

 

 

 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

LITERATURA - TROVADORISMO

                             



                           Resultado de imagem para trovadorismo

                                                                        
Foi a primeira manifestação literária da língua portuguesa. Surgiu no século XII, ainda na época da formação do Estado nacional português.Sua primeira manifestação foi em 1189 foi a Cantiga da Ribeirinha ou Cantiga da Garvaia, de Paio Soares de Taveirós.

Os trovadores eram, em geral, artistas de origem nobre, que escreviam e cantavam as cantigas (poesias cantadas) com o acompanhamento de instrumentos musicais. A reunião em livro dos manuscritos ficou conhecida como “Cancioneiro”. Ao todo, são três: Cancioneiro da Biblioteca, Cancioneiro da Ajuda e Cancioneiro da Vaticana.

Os artistas mais famosos são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade e Aires Nunes.

Este período da literatura portuguesa vai até o ano de 1418, época do início do Quinhentismo. Nessa época, a Igreja possuía considerável influência tanto no aspecto político e econômico, quanto no cultural, artístico e literário. Dessa forma, predominava a visão teocêntrica, voltada a Deus, sendo o homem bastante religioso e entregando sua vida à vontade divina. A Igreja Católica tinha uma função de destaque, influenciando inclusive as produções artísticas e literárias.

No que diz respeito ao aspecto político-econômico, predominava o sistema denominado de “Feudalismo”, no qual o poder era descentralizado e o direito de governar concentrava-se nas mãos de um senhor feudal que tinha plenos poderes sobre todos os servos e vassalos que trabalhavam em suas terras. Este senhor, também chamado de “suserano”, cedia a posse de parte de suas terras a um vassalo, que, por sua vez, se comprometia a cultivá-las, repassando parte da produção ao senhor. Em troca, recebiam proteção militar e judicial no caso de possíveis ataques e invasões. Essa relação de subordinação recebeu o nome de vassalagem. Tal característica, como será exposto a seguir, desempenha um papel fundamental na elaboração das cantigas.

Escritas em galego-português, as cantigas são divididas em: Líricas (Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo) e Satíricas (Cantigas de Escárnio e Cantigas de Maldizer).

Nas Cantigas de Amor, o trovador costumava destacar as qualidades da mulher amada, colocando-se sempre em posição de vassalo, termo que, na Idade Média, significa “inferior”. O tema mais desenvolvido é o do amor não correspondido. Postando-se como vassalo, o trovador espera receber da amada (suserana) um benefício em troca de seus “serviços” artísticos e amorosos.

Características gerais:

Eu lírico masculino
Assunto Principal: o sofrimento amoroso do eu-lírico perante uma mulher idealizada e distante.
Amor cortês; vassalagem amorosa.
Amor impossível.
Ambientação aristocrática das cortes.
Forte influência provençal.
Vassalagem amorosa "o eu lírico usa o pronome de tratamento "senhor".



As Cantigas de Amigo também versam sobre temas amorosos, no entanto, o eu-lírico é uma mulher, embora os autores fossem homens. Assim, o termo “amigo” assume o significado de “namorado”. O principal tema consiste na lamentação da mulher pela falta do amado.

São características principais das Cantigas de Amigo:

Eu lírico feminino.
Presença de paralelismos.
Predomínio da musicalidade.
Assunto Principal: saudade
Amor natural, espontâneo e possível.
Ambientação popular rural ou urbana.
Influência da tradição oral ibérica.
Deus é o elemento mais importante do poema.
Pouca subjetividade.


Nas Cantigas de Escárnio, as sátiras eram indiretas, com uso de duplo sentido, de modo que o nome da pessoa satirizada nunca aparecia.

Características:

Crítica indireta; normalmente a pessoa satirizada não é identificada.
Linguagem trabalhada, cheia de sutilezas, trocadilho e ambiguidades.
Ironia.

Cantigas de Maldizer, haviam sátiras diretas e não raras eram as agressões verbais com o uso de palavrões. O nome da pessoa muitas vezes aparecia.

Características principais:

Crítica direta; geralmente a pessoa satirizada é identificada
Linguagem agressiva, direta, por vezes obscena
Zombaria
Linguagem Culta